Vivemos, definitivamente,
a era da imagem e da reputação, ou seja, as
organizações (e mesmo as pessoas) valem mais
em função da maneira pela qual são
percebidas do que pelo que elas efetivamente são.
Isso não significa
que devemos defender ou legitimar ações e
estratégias que visam formar a imagem das organizações
de maneira não ética e transparente, como
parece ser o caso de muitas agências de Comunicação/RP,
mas de compreender as vicissitudes da moderna (socialmente
responsável?) comunicação corporativa.
O que interessa é
que a reputação (que é muito mais do
que imagem) vale muito e, pouco a pouco, as organizações
estão percebendo e tomando medidas para sua criação
ou reforço.
A reputação
, mais do que os lucros num primeiro momento, é o
ativo que sai arranhado quando as organizações
passam por uma crise e, o que é pior, tem a capacidade,
num segundo momento, de comprometer a saúde financeira
das empresas. A TAM, no episódio do apagão
aéreo de 2006; a Via Amarela, com sua nada invejável
cratera do metrô paulistano e a Cataguazes, com sua
lama suja, estão ainda sentindo na pele os prejuízos
causados na sua reputação pela sua incompetência
gerencial e irresponsabilidade. Cada uma dessas empresas
teve e vai continuar tendo problemas em sua reputação
(as coisas ruins não são fáceis de
apagar). Uma derrapagem ética, um buraco na imagem
ou a cara enlameada não são fenômenos
ou processos fáceis de lidar e, em especial, exigem
tratamento a longo prazo e custosos.
A reputação
pode ser afetada por inúmeros motivos que vão
desde alterações no ambiente de trabalho,
como as demissões da Volks em ano de grandes lucros
das montadoras, a inadequação às demandas
do mercado, corrupção (que inclui a participação
em cartéis, com denúncias comuns e recorrentes
no Brasil), resultados financeiros desfavoráveis
e mesmo crises de todo o tipo, provocadas por omissões,
deslizes, abusos e incompetência administrativa.
Segundo pesquisa realizada
pelo Economist Intelligence Unit, um instituto de estudos
britânico, mais de 60% das empresas acreditam que
a reputação é “a coisa mais difícil
de ser consertada” e as avarias nela causadas podem
ter como motivo falhas no sistema ou processo de comunicação.
Os executivos que participaram da pesquisa julgam que a
comunicação inadequada ou ineficiente com
os stakeholders (em particular os investidores), a falta
de instrumentos e técnicas para gerenciar o risco
à reputação, uma fraca governança,
a falta de coordenação entre conselho de administração,
análise de risco e comunicação corporativa
etc contribuem para aumentar a vulnerabilidade das empresas.
Se a comunicação
fosse efetivamente estratégica (no Brasil, para a
maioria das organizações, isso não
acontece), ela poderia dispor de recursos de inteligência
para monitorar situações de risco, fazer benckmarking
de situações acontecidas com os concorrentes,
refinar o planejamento e inclusive desenvolver metologias
de avaliação. A reputação, num
ambiente tão amadorístico, tão pouco
profissional, como o que caracteriza a maioria das empresas
aqui sediadas, está correndo sério risco.
Se ela é (pode
crer, não há dúvida disso) uma vantagem
competitiva fundamental, precisaria estar sendo melhor gerenciada.
Muitas culturas empresariais ainda comprometidas com uma
visão tradicional, conservadora, retrógrada,
continuam relegando a reputação a um segundo
plano, obcecadas pela luz do lucro rápido e a qualquer
custo.
Como dizia o “jornalista
filósofo” Joelmir Betting, quando uma empresa
enxerga uma luz no fim do túnel deveria acautelar-se
antes de festejar. Pode ser uma locomotiva a todo vapor
que vem vindo em direção contrária.
Nesta velocidade e com tamanha força de impacto,
algumas crises provocam rombos enormes na reputação
das empresas. Com certeza, muitas vezes, o estrago será
fatal.