Pesquisas temas

:: Bolsas e bolsos. As empresas nas colunas de economia

 

Objetivos

             Conhecer a estrutura de algumas colunas de economia de importantes jornais brasileiros.

             Identificar a distribuição temática das notas publicadas nestas colunas.

             Analisar a presença e a imagem das empresas nas notas das colunas.

             Estabelecer comparações entre as colunas publicadas em jornais paulistas e cariocas.

Hipóteses principais

             As colunas de economia não se referem apenas ao que acontece no mundo dos negócios, mas trazem uma quantidade significativa  de informações sobre o universo político

             Os colunistas, em geral, têm uma visão crítica do Governo, exibindo , portanto, um número maior de notas desfavoráveis do  que favoráveis   à ação governamental e aos seus órgãos e instâncias de execução (empresas públicas, ministérios, secretarias etc).

             As empresas aparecem, com bastante frequência, nas colunas de economia, onde se destaca os seus investimentos, resultados, inovações tecnológicas e opiniões dos seus executivos ou porta- vozes

             A imagem das empresas nas notas das colunas é essencialmente positiva.
             Não há, no que diz respeito às hipóteses anteriores, quaisquer diferenças significativas entre as colunas dos jornais paulistas e as dos jornais cariocas

Colunas analisadas

Painel SA – Folha de S. Paulo
Direto da Fonte – Sônia Racy – O Estado de S. Paulo
Panorama Econômico – Miriam Leitão – O Globo
Informe Econômico – Antonio Ximenes e Cristiano Romero – Jornal do Brasil

Período de análise

1º a 15 de março de 1999

Metodologia

             As colunas foram lidas integralmente, no período de análise, com a identificação dos temas de cada nota. Como o foco prioritário da pesquisa era mensurar a presença e a imagem das empresas nas colunas  de economia, as empresas foram colocadas como uma categoria temática. Os sub-temas das notas relativas às empresas foram analisadas à parte. Desta forma, as categorias não foram necessariamente excludentes, pois houve notas de propaganda/marketing, por exemplo, incluídas na categoria Empresas. Estes temas foram depois explicitados na Tabela Sub-temas das notas sobre empresas.

Descrição das colunas

Painel SA
Editor/Colunista: Embora não exista um responsável, ele não está explícito na coluna
E-mail para contato: Não
Localização: Caderno de Negócios ou Dinheiro, página 2.
Formato:
Em média 24,8 cm x 2 colunas (mínimo de 20 cm e máximo de 26 cm), portanto não ocupa integralmente as duas colunas.
Número médio de notas diárias: 12,8 (mínimo de 10 e máximo de 16)
Existência de ilustrações: Uma ilustração colorida, quase todos os dias

Direto da Fonte
Editora/Colunista: Sônia Racy
E-mail para contato: Sim
Localização: Caderno 2, geralmente página D3, mas com variações
Formato: 52,5 cm x 2 colunas, ou seja 2 colunas integrais
Número médio de notas: 12,9 (mínimo de 10 e máximo de 17)
Existência de ilustrações: Sempre uma foto, com nota, no alto da coluna, geralmente trazendo a opinião de um executivo ou diretor de uma entidade.
Particularidade:Incorpora uma seção denomina Linha Direta, com notas curtas.

Panorama Econômico
Editora/Colunista: Míriam Leitão. Tem dois colaboradores: Luciana Dias e Di rceu Viana
E-mail para contato: Não
Localização: Caderno Economia, página variável (20, 30,34 etc)
Formato: 49,0 cm x 2 colunas
Número médio de notas: 4,1 notas. Pode Ter uma única nota ou até 11 notas. Em sua maioria, 2 notas.
Particularidade: Não sai às segundas-feiras.

Informe Econômico
Editor/Colunista: No período, Cristiano Romero e Antonio Ximenes (interino)
E-mail para contato: Sim
Localização: Caderno Economia, página variável (12, 13, 17 etc)
Formato: 53,0 cm x 2 colunas, ou seja 2 colunas integrais
Número médio de notas: 7,8

Distribuição temática das colunas
Número de notas por tema

Tema

Painel SA

Direto da Fonte

Panorama Econômico

Informe Econômico

Conjuntura Econômica15100510
Política/Escândalos16270003
Políticas/Governo01261423
Propaganda/Marketing09020101
Evento05010006
Finanças06060000
Privatização02020002
Informática/Internet00000001
Entidades patronais08090101
Opiniões16 270110
Previsões/Estatísticas25120006
Crítica Governo03070604
Apoio Governo01050901
Empresas75411737

Distribuição temática das colunas
Número de notas por tema
Total dos jornais

TemaTotal de notas nos jornais
Conjuntura Econômica40
Política/ Escândalos46
Políticas Governo64
Propaganda/Marketing13
Evento20
Finanças07
Privatização06
Informática/Internet01
Entidades patronais19
Opiniões54
Previsões/Estatísticas43
Critica Governo16
Apoio Governo07
Empresas170

Notas sobre empresas nas colunas
Nº de notas por coluna

ColunaNúmero de notas% Total de notas
Painel SA7641,20
Direto da Fonte4123,03
Panorama  Econômico1737,77
Informe Econômico3735,23

             No total, foram citadas nas colunas 201 empresas, 12 delas mais de uma vez. A mais citada foi a Petrobrás (12 vezes), que foi contemplada também com notas nas 4 colunas analisadas. Em segundo lugar, veio a Vale do Rio Doce (CVRD), citada 5 vezes, e presente em 2 das 4 colunas

Imagem das empresas
Número de notas negativas

ColunaNúmero de notas% Total de notas
Painel SA0709,21
Direto da Fonte0512,19
Pano rama Econômico1164,70
Informe Econômico1540,54


Subtemas das notas sobre empresas
Número de notas por coluna Nº de notas
Temas mais relevantes

Sub-temaNúmero de notas
Propaganda37
Administração32
Investimentos28
Resultados/Vendas21
Mercado Internacional/Exportação08

Conclusões principais

             O número de notas é sensivelmente maior nos jornais paulistas, o que significa maior espaço de divulgação para as empresas.

             As colunas nos jornais paulistas trazem adicionalmente um elemento  visual (foto ou ilustração)

             Coincidentemente, a coluna que mais publica sobre as empresas (Painel SA) é o único que não exibe editor explicitamente ou possibilidade explícita de acesso por e-mail.

             Há uma incidência importante de notas sobre política, indicando que: a) as colunas de economia não se restringem a repercutir o mundo de negócios e b) os limites entre política e economia tendem a ser cada vez menos nítidos. Há, portanto, uma politização crescente destes espaços nobres de divulgação.

Observação importante: Os assessores de imprensa devem atentar para este fato porque os nossos colunistas têm, como era lógico de se esperar, preferências e idéias pré-concebidas (ideologias?) no campo da política e trabalham a divulgação de fatos econômicos também a partir deste filtro.
             As opiniões de fontes de credibilidade (empresários ou dirigentes de entidades) e estatísticas, dados ou previsões constituem-se em pautas importantes das notas.

             A angulação com respeito ao Governo é mais desfavorável do que positiva . Isso pode significar que as empresas/empresários explicitamente alinhados com o Governo (e, sobretudo, os que negociam favores com ele) podem encontrar resistência na sua divulgação junto a estes colunistas.

             As notas das colunas são, em geral, favoráveis às empresas, o que aumenta ainda mais o poder destruidor das notas negativas, em virtude, sobretudo, do elevado índice de leitura destas colunas.

             As pautas de divulgação para as empresas situam-se, preferencialmente, em determinados sub-temas, indicadores de saúde das empresas: novos investimentos, propaganda/marketing (que inclui lançamento de produtos e promoções), resultados e vendas (particularmente, quando a empresa afirma sua liderança no mercado), presença no mercado externo ou implementação de novos processos de gestão. As mudanças no staff também merecem atenção, talvez porque, enquanto fonte dos colunistas, são por ele acompanhados em sua trajetória profissional. Neste caso, há um risco importante: uma fonte da empresa, muito bem relacionada com um colunista, poderá, ao sair para outra organização, carregar com ela um espaço de divulgação na respectiva coluna. Um estudo mais aprofundado poderá indicar se, em muitos casos, é a fonte e não, a empresa a merecer a atenção do colunista, tendo em vista os relacionamentos que se fortalecem ao longo do tempo.

Importante: A pesquisa , embora possa apontar para algumas tendências, deve ser encarada sempre como um flagrante, já que se refere a um período específico de tempo. Uma estratégia de inteligência empresarial, associada à divulgação nas colunas de economia (esta observação vale para demais espaços dos veículos) deveria, obrigatoriamente, repetir estas investigações ao longo de todo o ano, para perceber mudanças ou prospectar novidades. O colunista de economia tem, cada vez mais, relacionamentos com o mercado (geralmente é proprietário de uma empresa de assessoria/consultoria/informação) e este fato pode influenciar a sua pauta (temática) e a angulação das notas que publica . Seria absolutamente fundamental, para a transparência da informação, que o colunista, se este é o seu caso, indicasse os seus clientes fora do veículo para que o leitor e as empresas avaliassem a independência informacional ou mercadológica de suas colunas.

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